domingo, 4 de setembro de 2011

DEVANEANDO

 
 
Lembro-me das belas palavras que prometiam docilidades tépidas próprias dos amantes, provocando um número infindável de sensações sublimes, oscilantes entre a suavidade e a mordacidade próprias dos corações em que já brota a semente devastadora da paixão. O peito arfando, perco-me em devaneios e suspiros, estertores derradeiros da sanidade. Todo o tipo de sentimentos já perturbam-me os últimos pensamentos racionais, já lúgubres, enevoados pelos antagonismos advindos das confusões provocadoras de uma alma já inquieta.
A impetuosidade aliada à insensatez, inerente aos que são pungidos pelas poderosas setas de Eros, estão a governar minhas atitudes, fazendo-me obtusa e desvairada. Inconsciente e inconseqüente de minhas ações.
A lembrança do ser adorado, ora com loucura cândida, ora com lascívia, provoca-me, inquieta-me, regela e abrasa fazendo-me subir do inferno ao céu na eternidade de um instante plangente e desolador.
Faz-me falta, causa-me calafrios, arrepios cálidos, gemidos pesarosos de uma dor surda e nostálgica de um tempo que não existe e de um lugar onde nunca estive, uma companhia que há muito está longe de mim.
Estranho como a mais singela reminiscência causa-me tremores e um universo de sensações antagônicas, todavia sublimes, culminando numa idiossincrasia singular a qualquer existência já experimentada. Destarte metamorfoseando-me de tal modo que me transporto ao desconhecido e infinito mundo de utopias diversas, formado por um jardim de desejos secretos construídos no mais profundo e obscuro interior do meu ser.

Sobre a Felicidade

                                                Nunca gostei do jogo do contente! Para quem não sabe, jogo do contente é aquilo que se faz quando coisas ruins, mesmo terríveis acontecem. É aquele otimismo sem razão e sem medida, o olhar a desgraça alheia e se conformar e confortar a si pelo fato de que “poderia ser pior”.

                                               Minha mãe me ensinou a sempre me comparar com o melhor, com a pessoa mais inteligente, com a mais bem sucedida e assim por diante, no entanto, a vida me ensinou que só devemos nos comparar com o melhor de nós mesmos, afinal as pessoas são feitas dos mesmos ingredientes, o que muda é a dosagem e é isso que nos torna únicos, nem melhores, nem piores, apenas especiais, verdadeiramente únicos.

                                               Então, quando alguma coisa ruim acontece, acredito que existem maneiras infinitas e inimagináveis de se enxergar e se posicionar diante do inevitável, contudo, são três as formas mais usuais, a primeira é ver nossos problemas como os maiores do mundo, ficarmos sentindo pena de nós mesmos, outra forma é a revolta, afinal, porque eu? Ignorar o sofrimento alheio maior ou pior, afinal de contas, sofrimento não se mede e eu não me comparo com os outros. E a terceira forma é jogar o jogo do contente, pensar que nada está tão ruim que não poderia ser pior e que se é feliz apesar de tudo, mentir para si mesmo e sequer conseguir acreditar em tal mentira.

                                               Depois de muito pensar, quebrar a cabeça e fritar o cérebro, passar por essas três fases em cada problema, cheguei à conclusão de que as coisas têm a importância que damos a elas e que se eu sou responsável pela minha felicidade ou não, cabe a mim e a mais ninguém, decidir como vou encarar as desgraças que me acontecem. Sim, desgraças, palavra pesada, mas já que cada um de nós tem uma escala de prioridades diferentes, o que é uma desgraça para um, pode ser apenas um contratempo para outro, questão de prioridade.

                                               Partindo dessa premissa, comecei a pensar onde cada uma das minhas atitudes e modos de enxergar as coisas iria me levar. Sentir pena de mim mesma, causa aos outros nada mais que piedade, traz infelicidade, isso porque eu não suporto a ideia de ser vista como “coitadinha”. Então parei de sentir dó de mim mesma.

                                               Depois, a questão da revolta, até porque tem que ser, no meu caso, muito Mulher, com “M” maiúsculo, para admitir que se está revoltada, porque de um modo geral, revoltado nunca admite que é revoltado, claro, não é uma regra, mesmo que fosse, regras possuem exceções. A revolta afasta as pessoas, ninguém quer ficar perto de alguém amargurado que dá chute no cachorro, empurra a velhinha e xinga até a sombra, logo, revolta leva à solidão e amargura que começa com um simples mal humor crônico, aquela mania (feia) de reclamar.

                                               Terceiro ponto, jogar o jogo do contente, o que eu já disse que detesto fazer. Fingir que tudo está bem, que o mundo é cheio de arco-íris e unicórnios bonitinhos, que do céu caem flores perfumadas e que todos os dias faz sol e temperatura agradável.

                                               Mas, a vida não é assim, é dura, difícil, existem pessoas terríveis que se dão bem em tudo que fazem, coisas assombrosas acontecem com pessoas boas, há muita solidão, tristeza e maldade. Por outro lado, existe alegria, amor, prazer, amizade. Tudo depende do ângulo em que olhamos e da consciência de que a felicidade é uma opção, pois só nós mesmos quem somos responsáveis pela nossa felicidade, a vida é vibração, vibre na freqüência daquilo que você quer receber de volta, parafraseando Marta Medeiros, “a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional”.

                                               Eu não sei você, mas eu optei por ser feliz.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

UM DIA QUALQUER

(por Stela - São Paulo, 01 de maio de 2001)

Os olhos estão cheios de lágrimas prontas para rolarem
Esperando apenas um motivo que as faça cair...
O olhar é triste, quase sem expressão...
Os movimentos são sem emoção,
Assim como as palavras quando são ditas...
Eclodem com dificuldade... um nó as prende na garganta,
Infeliz, não...
Simplesmente triste,
Como qualquer um... em algum dia da vida...

Às vezes o vento sopra, ameniza a melancolia...
É inverno, as folhas caem secas...
Como os sentimentos.
Um dia triste...
Apenas um momento infeliz...
O silêncio toca sua sinfonia...
O vento toca a alma...
E o tempo... passa
Às vezes veloz, raramente brando.
Mas não deixa de correr...

Os pássaros cantam uma melodia triste...
Parecem saber de minha tristeza...
São amigos, são fieis...
De quando em quando o sol toca- me as faces
Aquece –me o peito...
Consola- me...

Palavras sem sentido,
Tampouco a vida parece tê-lo.
A solidão é uma constante
Alegria variável...
E assim vai- se vivendo...
No entanto morrendo- se a cada dia...


quinta-feira, 14 de maio de 2009

Poesia é sempre poesia

EU NÃO ENTENDO

por Stela (07de janeiro de 2007 – (00:52 08/01)


Eu não entendo! Não entendo por que o telefone não toca, não entendo como não há resposta, não entendo por que estou tão só!

Não entendo por que eu me apaixono, por que as coisas às vezes parecem tão perfeitas e de repente desmoronam!

Não entendo por que o meu humor acaba, e uma absurda irritação me domina quando lembro que fui esquecida, juro, não entendo!

Não consigo perceber o que houve de errado, o porquê tudo simplesmente não deu certo, eu realmente não entendo!

Por instantes, tudo pareceu tão lindo, tão perfeito, puro encantamento, um momento mágico, mas, foi assim, de repente interrompido, suspenso e assim eu fiquei a esperar um telefonema que nunca foi recebido, uma notícia que nunca foi dada, uma justificativa qualquer, mas, nada!

Nenhuma palavra, nem mesmo uma briga, qualquer desentendimento ou desencanto que pudesse explicar esse desaparecimento.

Assim, de toda a magia que envolveu meus dias e de toda a esperança que aqueceu meu peito, restou apenas uma triste decepção, uma amarga espera e uma angústia que preenche meus dias nesse aguardo vão e plangente.

Mais uma vez, incansavelmente repito, não entendo!

Não é justo que seja assim, não é justo fazer-me nutrir expectativas, proferir-me palavras doces cheias de carícias. Não é certo fazer-me promessas que não serão cumpridas, olhar-me com olhos brilhantes, lacrimejantes, entre palavras que soavam sinceras, não está certo provocar-me assim!

Não é justo magoar um coração já tantas vezes ferido, implorar carinho que não se pretende ser retribuído, invocar um sentimento bonito, só para rir-se do apego de alguém! Mais uma vez digo que não entendo!

Não entendo por que construímos sonhos e traçamos planos que nos parecem tão doces, mas por fim mostram-se acerbos.

Não entendo o que me impede de gritar, e por que todos os soluços emudecem em meus lábios, sentindo apenas o gosto acre e mordaz do olvidamento.

As lágrimas brotam em meu interior e morrem antes de chegarem aos meus olhos, resta apenas um olhar vago e soturno o espírito sombrio e rabugento.

Não entendo como o que era bom, tornou-se mau, o que ora era alegre fez-se triste e de belo agora me parece horrendo! Não entendo como o bom azeda, como o sabor assim se destempera, como tudo agora se mostra somente triste!

Esses amargos momentos, separados em dias sempre iguais vão me desfazendo, meu ser definhando com essa atroz e inútil espera que me devora. Pergunto-me por que deixei-me levar pelas palavras, pelos belos sorrisos e pelos gestos simples que pareciam-me ter tanto carinho, como fui tola em crer, juro, juro, juro, não entendo por que confiei!

A cada dia faço-me mais dura, tenho medo de transformar-me num ser cruel, mas não posso evitar. Metamorfoseada a cada desilusão, perdendo mais um sonho e assim crescendo a iniqüidade num ser ainda pueril.

E é assim que é, assim que acontece, assim que vivo, mas sinto-me morrendo por dentro, transformando-me naquilo que não quero ser, travando batalhas silenciosas, matando e morrendo, mais uma vez perdendo-me dentro de mim mesma e aí encontrando um mundo.

Mesmo assim, eu ainda não entendo!


segunda-feira, 11 de maio de 2009

Para começar bem, que seja com Poesia

EPICÉDIO

por Stela (01/setembro/2007)


Já não sei mais o que sinto.

Um emaranhado de sentimentos ferve-me a alma,

Queria poder arrancar minhas lembranças,

expurgar certos pensamentos e deixar de sentir certas dores.

Uma música que me lembra certo tempo, um cheiro que me remete a um momento,

uma paisagem que permite o ressurgir de sensações.

Só queria deixar de sentir, queria ser insensível e conseguir seguir.

Mas é impossível, pois a tua presença está viva em mim.

Presente nas tais lembranças, em tais pensamentos, nos meus desejos,

até em minhas preces.

Sinto falta do que nunca existiu,

sinto falta da paixão que me consumiu e agora só me faz sofrer,

sinto falta, só sinto e tanto.

Num instante é dor intensa, noutro uma saudade extrema,

por vezes alguma indiferença e um constante reviver.

Sensações antigas que se transformam... velhas em novas dores

Um eterno perecer, uma dor constante, contínua, latente que por vezes rebenta e adormece numa morbidez atroz.

Não quero mais amar e reamar, não quero mais me apaixonar e reapaixonar

Pois ao final só torno a sofrer.

Já não sei mais o que sinto ao odiar amar-te com tanto ardor.

Ao adorar com tanta loucura teus defeitos mais profanos.

Ao estremecer desejando-te mesmo com raiva de teus modos...

E confundo-me com sensações tão antagônicas que fazem-me sentir viva e morrendo de tanto amor.

Já não sei mais o que sinto se quando estás por perto te maltrato,

quando longe sinto tua falta e chego a sonhar, feito criança, de tanta saudade.